E lá estava ele com um rosto traduzido em mistério
E ao mesmo tempo incertezas
Prestes a se jogar da ponte da vida
Prestes a cair no abismo da morte
Prestes a matar todos os seus sonhos e esperanças
Em sua memória todas as derrotas e dores que acumulou desta vida
A multidão que havia se formado gritava desesperada
Mas ele não ouvia
Assim como também ninguém ouvia seu grito de angústia e tristeza
Ele não enxergava aquelas pessoas
E aquelas pessoas só enxergavam a sua frente um homem covarde
Talvez ele fosse apenas isso mesmo
Elas pelo menos não enxergavam de fato o homem que ele havia se tornado
Talvez ele desejasse isso também
Talvez desejasse não enxergar esse homem vazio de vida que agora habitava dentro de si
Mas agora já era tarde
Estava a menos de um passo para matar tudo o que ainda pudesse existir, viver...
Estava a um passo de matar seu corpo... Afinal, de tudo havia restado apenas matéria
Seu espírito já estava morto, esquecido
Restava menos de um passo para aquele homem ser engolido de vez pela escuridão que emanava lá debaixo
E desta vez não havia mais cores, nem luzes em finais de túneis...
Desta vez não havia mais soluções
Só mesmo a morte
Só mesmo o fim.
... Nem mesmo paz poderá encontrar ...